:10: Lesão do ligamento cruzado anterior em atletas profissionais e recreacionais.

Há diferença nas rupturas desse ligamento em atletas de diferentes níveis?

Sim, há diferença na incidência da lesão em diferentes grupos de atletas. Dependendo do esporte praticado, aumentam as chances de lesão, que decorre de uma entorse do joelho. Acontece também que o noticiário esportivo dá grande destaque para os profissionais do futebol lesionados, mas não revela o grande número de pacientes "comuns" que procuram diagnóstico e tratamento para a mesma lesão. Os atletas profissionais ou competitivos podem estar mais sujeitos se considerarmos a intensidade da prática esportiva ou, por exemplo, o empenho numa disputa de bola no futebol profissional. Também, o tipo de tratamento escolhido pelo ortopedista pode variar entre esses grupos de esportistas, ainda que na maioria dos casos a decisão é pela cirurgia e a colocação de um enxerto no lugar do ligamento.

Porém, em se tratando de diagnóstico por imagem, na prática diária do radiologista músculo-esquelético, o que se vê é uma grande quantidade de pacientes com ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho. Geralmente, estes pacientes são atletas recreacionais, que praticam futebol de salão (futsal), futebol society, ou alguma outra modalidade informal do futebol. Obviamente, essa lesão esportiva não é exclusividade do futebol. Vários são os esportes que podem causá-la, e a gravidade da lesão independe do tipo de esporte ou qualificação do atleta. Um exemplo recente: após as férias de julho, vários esquiadores recreativos brasileiros voltaram da montanha com a mesma lesão, decorrente de alguma entorse do joelho (geralmente queda com o esqui travado na neve), cujo mecanismo é praticamente o mesmo daquele observado no futebol (girar o corpo com o pé fixo ao solo, torcendo o joelho).

No momento do diagnóstico por imagem, através da realização de um exame de ressonância magnética, os joelhos que sofreram entorse e ruptura do ligamento cruzado anterior podem ser muito parecidos, independentemente do esporte praticado pelo paciente. Em muitos casos, apesar de os testes clínicos revelarem claramente ruptura do ligamento, convém que o paciente seja examinado com ressonância magnética. Isso porque o ortopedista especializado em medicina esportiva deseja saber se há outras lesões associadas no joelho e então saber, antes da cirurgia, a real gravidade da lesão. É o que chamamos de lesões associadas. A principal lesão é realmente a ruptura do ligamento cruzado anterior, mas esta pode ser acompanhada de lesão meniscal (geralmente menisco medial), lesão do ligamento colateral medial (tibial), derrame articular, contusões ósseas no fêmur e na tíbia, e lesões da cartilagem articular. Menos frequentemente, podemos diagnosticar lesões musculares na região posterior do joelho e lesões do canto póstero-lateral (ligamento colateral lateral, tendão do bíceps femural, tendão poplíteo). Todas essas lesões são de grande importância para que o ortopedista tome conhecimento.

Além do diagnóstico da lesão aguda (recente) a ressonância magnética pode ser empregada para avaliar um joelho com ruptura crônica do ligamento, que por algum motivo, não fora diagnosticada ou tratada anteriormente. Nesta situação, esse excelente exame de imagem poderá mostrar a lesão do ligamento (que nesse caso tem um aspecto de imagem um pouco difrente da lesão aguda) e complicações, como a presença de osteoartrose (degeneração articular) secundária à instabilidade que se instalou desde o episódio de entorse.

A ressonância magnética será útil também nas avaliações pós-operatórias que se seguirão ao longo do tratamento e mesmo após a alta definitiva. Ela avaliará, por imagem, a integridade do enxerto e, havendo por azar uma nova torção, demonstrar se houve ruptura do enxerto e novas lesões associadas.

Veja também: Lesão do ligamento cruzado anterior e ressonância magnética

Dr. Milton Miszputen

 





 
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