Caso #61
Ruptura parcial do músculo bíceps femural

História clínica: paciente de 47 anos, do sexo masculino, com dor na região posterior da coxa há 3 semanas.

Paciente refere ter se machucado durante partida de futebol.

Hipótese diagnóstica: ruptura muscular de ísquio-tibiais

Exame solicitado
: ressonância magnética da coxa direita

Paciente encaminhado pelo Dr. Marcos Ferreira
Diagnóstico radiológico pelo Dr. Milton Miszputen

Ressonância magnética das coxas, cortes coronais, sequência STIR
(a, b)

(a) Deformidade do contorno lateral da cabeça longa do músculo bíceps femural, que apresenta edema intra-muscular.

Observa-se coleção líquida adjacente à lesão (hematoma).

a.
(b) Significativa irregularidade dos contornos no terço distal do músculo, onde se identifica área de descontinuidade de fibras (ruptura), ocupada por hematoma inter-muscular.

b.

Ressonância magnética da coxa direita, corte sagital,
sequência STIR (c)

(c) Zona de ruptura no terço distal do músculo, bem delimitada, de contornos irregulares, medindo cerca de 6 cm no eixo longitudinal. O intervalo é ocupado por hematoma.

Alteração de sinal intra-muscular (edema) nas áreas adjacentes à lesão.

c.
c.

Ressonância magnética da coxa direita, cortes transversais, sequência STIR (d, e)

(d, e) Deformidade da cabeça longa do bíceps femural por retração de seu contorno lateral, causada por descontinuidade de fibras.

Focos de edema intra-muscular peri-lesional.

As alterações ocorrem na transição mio-tendinosa do terço distal do músculo.

Significativo edema dos planos gordurosos da região póstero-lateral da coxa.


Figura da anatomia da cabeça
longa do bíceps femural
(imagem: http://www.rad.washington.edu)

d.

e.
 

Diagnóstico: ruptura muscular grau II na transição mio-tendinosa do terço distal da cabeça longa do bíceps femural com hematoma inter-muscular.

Comentários: a ressonância magnética diagnosticou com precisão o tipo de lesão, a sua localização e a sua extensão. As imagens delimitaram muito bem a zona de descontinuidade de fibras das áreas de edema intra-muscular, que podem ser interpretadas como áreas de estiramento (lesão grau I).

Debate: os médicos que preferem a ultra-sonografia em relação à RM para esse tipo de diagnóstico alegam que a RM às vezes é exageradamente sensível às alterações decorrentes da lesão, portanto podendo superestimá-las. No caso apresentado, por outro lado, a análise cuidadosa das imagens permitiu identificar separadamente a área de ruptura de fibras, a área adjacente de músculo com sinal alterado (edema por estiramento/hemorragia intra-muscular) e áreas sadias. Porém, estes achados por RM, que são comuns nas fases agudas e sub-agudas das lesões musculares, podem persistir por mais tempo, quando então os sintomas do paciente regridem, ao longo do tratamento. Quando isso ocorre, o ortopedista poderá considerar mais os critérios clínicos de melhora do que os achados de exames de imagem tardios.

Casos relacionados: [2][8][23][34][38][42]

Dr. Milton Miszputen



 

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